Sobre o Coletivo...

Minha foto
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil
O Coletivo de Angoleiras Teresa de Benguela é um espaço de diálogo proposto por angoleiras de diferentes grupos de capoeira angola que atuam na cidade de Porto Alegre/RS (Brasil) para discutir relações de gênero na capoeira e levar essa discussão a diferentes públicos. Tem por objetivo, também, fortalecer as práticas capoeirísticas e iniciativas das angoleiras através da união de esforços e troca de experiências. Nas nossas reuniões procuramos vivenciar juntas a capoeira cantando, tocando, treinando e conversando para que essa troca aconteça efetivamente. Desta forma, acreditamos que poderemos firmar este movimento FEMINISTA de angoleiras e promover uma cultura de paz e igualdade nas relações de gênero dentro da capoeira.

Como esse Quilombo se formou

O primeiro encontro do Coletivo aconteceu no 6 de setembro de 2006. O propósito imediato da reunião era a elaboração de um projeto para concorrer ao Edital Capoeira Viva 2006. Estavam presentes nesse primeiro momento 6 angoleiras: Alessandra Carvalho, Viviane Malheiro, Ana Margarida, Mariola López, Renata Gomes Loureiro e Fernanda Cavol. Depois desse primeiro encontro, nos reunimos uma vez por semana ou a cada quinze dias para discutir o nosso projeto, que planejava uma série de atividades a serem realizadas com motivo do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, de 2007. Nosso projeto não foi contemplado, mas mesmo assim continuamos nos reunindo para organizar a nossa participação nos "16 Dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres" em Porto Alegre, entre os dias 25 de novembro e 10 de dezembro de 2006. Nas nossas reuniões também começamos a trocar experiências e vivências dentro da capoeira, tocamos e cantamos juntas, treinamos ao ar livre e conversamos sobre a possibilidade de criar um movimento feminino de angoleiras, convidando outras capoeiristas, para promover uma cultura de paz e igualdade nas relações de gênero dentro da capoeira, assim como também dar visibilidade ao trabalho das angoleiras e apoiar as suas iniciativas. Atualmente, as angoleiras que organizam as atividades do Coletivo e convocam as reuniões são: Ana Margarida, Ana Paula Stock, Fabiane Werhli, Fernanda Cavol, Giesele Flores, Ivânia Kunzler, Mari Verri, Mariola López e Renata Gomes Loureiro. Capoeiristas que compõem 4 grupos de Porto Alegre, sendo que algumas integrantes se mudaram do RS, mas continuam participando das discussões e representando o Coletivo nas suas regiões.
Como o Quilombo de Quariterê, comandado pela nossa inspiradora Teresa de Benguela, o Coletivo de Angoleiras é um espaço para o convívio em igualdade, o respeito à diferença e a resistência e combate a formas de discriminação e exclusão, com independência e autonomia para escolher os nossos caminhos e decidir as nossas ações.

Sejam bem-vind@s!!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Campanha dos 16 dias

Comunicamos que o Coletivo estará participando de novo este ano na Campanha de 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, organizada pela Coordenadoria Estadual da Mulher. A temática desse ano é o primeiro aniversário da Lei "Maria da Penha".

Já temos um cronograma de atividades, que inclui oficinas descentralizadas, rodas de rua e o II Fórum de Gênero na Capoeira do RS.

Se quiser receber o cronograma, entre em contato através do e-mail: teresadebenguela@gmail.com

Venha participar dessa construção, que é para a capoeira e @s capoeirist@s!!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Como a questão de gênero é vista na capoeira?

Várias mulheres, como a mestra Janja Araújo e Gildete Simon dos Santos, única professora do Grupo Topázio (de Berlim), apontam a discriminação e o machismo na cultura da capoeira.

Isto se confirma, ainda que indiretamente, por Watutsi durante a entrevista coletiva em Berlim. O mestre de Hamburgo citou o exemplo de uma capoeirista de nome Maria Homem, que conheceu quando criança. "Ela dava um nó na saia e jogava capoeira nas rodas, mas apenas dois mestres aceitavam jogar com ela", e admitiu, "aqui na Europa há muitas mulheres interessadas e eu também tive que aprender a lidar com isso".

Há aqueles que vêem o preconceito de gênero na capoeira com naturalidade, apontando as diferentes condições físicas como motivo para um tratamento diversificado. "Homem é homem, mulher é mulher", disse Saulo, "como eu vou dar uma rasteira numa menina? Meu coração não permite". "Acho que é normal porque sou feminina e tenho um outro condicionamento físico”, disse a capoeirista Genilda Gomes. E há também aqueles que falam em igualdade: “Meu mestre sempre nos dizia que na roda de capoeira é como no candomblé: lá fora existe uma sociedade, aqui dentro existe outra. Caiu, vai ter que cair também. Cair e levantar”, diz Sandra Bello.

Na opinião de Léo Gonçalves, "a mulher está conquistando o seu espaço na capoeira, mas tem que lutar muito mais do que o homem". Lutar sobretudo para que os homens (brasileiros) compreendam que, no século XXI, a mulher também pode fazer e ensinar capoeira.

Adaptado de:

BRAZINE - 15/10/2004
http://brazine.de/artikel_druck.asp?rubrik=kultur&artikel=%7BB1E3C748-9DE2-4185-B700-ADDC811325C8%7D