Ontem, domingo, fizemos a nossa homenagem às mulheres em Lisboa. Juntamos-nos na Crew Hassan os que costumamos treinar nesse local, e desta vez vieram também alguns amigos e amigas de diferentes grupos de capoeira da cidade.
Para a abertura, com a ajuda dos amigos e amigas na bateria, cantei uma ladainha composta por Inajara, angoleira de Porto Alegre, que fala da luta e contribuição das mulheres angoleiras. A seguir, abri a roda de conversas contando as origens e o caminho andado pelo Coletivo de Angoleiras Teresa de Benguela, relacionando isso com um posicionamento feminista e uma reflexão sobre a mulher e as suas lutas na história e na capoeira. Lembramos algumas mulheres ilustres da história. Falamos de mulheres que se destacaram na capoeira.
A conversa fluiu e todos os presentes participaram trazendo suas opiniões sobre machismo, a situação da mulher nos seus países (pois havia gente da Itália, a Alemanha, a Espanha, a França e os EUA) e as suas vivências de relações de gênero na capoeira. Foi muito bonito ver que este tipo de conversa pode ser muito construtiva: homens e mulheres dissemos as nossas impressões, coisas que nos incomodam, discutimos o que cada um pensava, houve discordâncias, mas também compreensão dos diferentes pontos de vista. Para finalizar esta parte, e depois de algo mais de uma hora de debate, lemos os relatos enviados por angoleiras de Porto Alegre, que acrescentaram exemplos de mulheres que levam anos lutando e contribuindo para a capoeira.
Por último, rolou uma roda com muita malandragem e alegria, sobretudo alegria. Acho que foi a melhor roda que já fizemos no tempo que este grupo de amigos leva se reunindo para treinar. Melhor no sentido do empolgado que estava todo o mundo, dando tudo; parecia que estávamos todos sintonizados, jogando, tocando e cantando. Estariam conosco Maria Doze Homens, Rosa Palmeirão, Dandara, Anastácia, Aqualtune...? Acredito que esta homenagem deixou uma sementinha de paz e igualdade na capoeira de Lisboa.
Um comentário:
Olá Maria!!!
Parabéns pela iniciativa. Tudo para continuar a nos inspirar.
Asé para as mulheres integrantes da construção e dos homens solidários que se fizeram presentes. Com uma oportunidade ainda rara dentro do universo da capoeira. Por aqui foram raros os grupos que se 'organizaram' para.
MAS, VIVA O CENTENÁRIO DO 8 DE MARÇO.
Epero compartilhar, comemorar e jogar muita Capoeira Angola no 25 de julho - Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe.
Temos ainda o que avançar, mas as nossas ancestrais trilharam um caminho sangrento, a ferro e fogo para que hoje nós, todos e todas possamos estar em roda, de frente, olho no olho ratificando esta cultura de raízes negras.
Neste Centenário mulheres negras, indígenas, ciganas, estrangeiras, presidiárias, quebradeiras de coco, ribeirinhas, lésbicas, trabalhadoras rurais, quilombolas, jovens feministas e angoleiras responsáveis ratificamos o direito das mulheres, homenageamos as mulheres do Haiti.
CENTENÁRIO DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER - CEM ANOS DE LUTAS FEMINISTAS - 08.03.2010
Ana Margarida
Núcleo João Pessoa.PB
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